Papas na língua
Custa-nos tanto dizer que isto ou aquilo é mentira, custa horrores, certo ou errado?
E fazemos peito dizendo que somos frontais e outras tais patetices presumidas.
(Franqueza e fraqueza são palavras semelhantes por coincidência?)
Por isso dizemos, ainda assim, levando os braços a proteger o rosto:
Inverdades.
Para não melindrar? Mantém-se ali o som da palavra verdade, mal se lhe nota o prefixo consoante a dicção, mesmo em silenciosa leitura, não se sente o in. Não se ofende. Acusar uma mentira é um descaramento que não cabe na nossa presumida frontalidade.
Por isso inventámos esta apaneleirada paneleirice.
Pensei e quase escrevi que tenho vergonha desta língua. Isso seria injusto e deslocado. Tenho vergonha das bocas que a apaneleiram desta forma. Pudesse eu pontapear raivosamente os lábios que permitem articular essa obscenidade.
Com a mesma propriedade, mas com intenção inversa, quero apresentar-vos este suculento substantivo:
A desmentira.
E fazemos peito dizendo que somos frontais e outras tais patetices presumidas.
(Franqueza e fraqueza são palavras semelhantes por coincidência?)
Por isso dizemos, ainda assim, levando os braços a proteger o rosto:
Inverdades.
Para não melindrar? Mantém-se ali o som da palavra verdade, mal se lhe nota o prefixo consoante a dicção, mesmo em silenciosa leitura, não se sente o in. Não se ofende. Acusar uma mentira é um descaramento que não cabe na nossa presumida frontalidade.
Por isso inventámos esta apaneleirada paneleirice.
Pensei e quase escrevi que tenho vergonha desta língua. Isso seria injusto e deslocado. Tenho vergonha das bocas que a apaneleiram desta forma. Pudesse eu pontapear raivosamente os lábios que permitem articular essa obscenidade.
Com a mesma propriedade, mas com intenção inversa, quero apresentar-vos este suculento substantivo:
A desmentira.
1 Comments:
Mentira, mentira, mentira, mentira, mentira, mentira...
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