Monday, December 24, 2007

Cólera – cautela, risco de contágio - eu avisei


Contagem dos mortos.
Tão regular que angustia. Hoje não aguento, tenho de desafogar-me.
Os filhos da puta porca dos jornalistas, com a puta porca necessidade da contagem dos mortos. É agora. É no remate do ano. É na Páscoa. É por aí fora. Que prazer em manter actualizada a contagem dos mortos.
Agora mais um, a nova contagem tem mais um, mais um grande morto. Que bom, já temos mais mortos do que o ano passado. Que bom, mais mortos. Que mau, temos menos mortos. Mais mortos. Menos mortos. Os mortos, os números, a lista, os dígitos. Que horror, dez mortos, dez, mortos.
Mortos.
Mortos.
Mortos.
Mortos.
Contamos carneirinos para adormecer, e contamos mortos para…?

De que serve esta merda?
Que higiene mental fazemos com este colossal monumento de homenagem às fezes?
Que amor à merda é este?

Que puta porca necessidade temos de estar a contar os mortos?
Não temos a nossa própria contagem?

Para que melhor serviria a estrutura montada para a contagem dos mortos?
Tempo dos jornalistas? Meios de reportagem dos jornalistas? Tempo dos polícias? Meios de intervenção dos polícias e dos serviços de assistência? Para que servem estas perguntas. Sem interrogação.

É galante ver o comandante de escala pronunciar o número? E por que não pára o país para ouvir o número? Custa muito ao país parar para ouvir a número? E ejacular em simultâneo? Não ejacula o país em simultâneo ao ouvir o resultado da contagem dos mortos? Então para que puta porca de merda serve a contagem dos mortos?

Que sordidez, senhores. O que temos na cabeça? Fez?, temos a fez a jorrar para fora do crânio?

Que vergonha, que nojo, que náusea dos humanos… não me toquem, cheiro a esgoto, cheiro a rato de esgoto, que nojo de mim, sinto-me como se me tivesse acabado de defecar. Sim, a mim próprio, escorrendo do meu recto. Parabéns, puta porca divindade que assim me criou. Um aplauso espirrando caca.

Para não se pensar que estou fora da época:

Vamos contar as caveiras
Vamos contar as caveiras
Por esses quintais adentro vamos
Contar as mortes solteiras


Vamos contar as ossadas
Vamos contar as ossadas
Por esses quintais adentro vamos
Contar as mortes casadas

(Natal dos simples, é baptismo muito genial do Sr. Afonso, mais procedente ainda neste contexto)

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