Friday, July 03, 2009

Minolta Maxxum 9


Corremos em direcção aos óculos de sol, os que não os temos postos o tempo todo, somos poucos.

Apuramos os gestos e a pose, esta fotografia será um troféu, no parapeito da lareira, junta a outras fotografias de entres queridos mortos e vivos, entre quinquilharias, foles, velas, loiças, lembranças das férias, bonecas de época em porcelana, várias, colecções de objectos que os jornais oferecem por mais uns cêntimos, o espaço é pouco para expor tanto orgulho.

Amparamos o bicho, em agonia, eu tê-lo-ia devolvido à água depois de satisfeito o espanto. Tu não me deixaste, dizes que vamos cozinhá-lo e comê-lo, eu replico que os peixes de rio cheiram a bafio, muito intenso, vai ser uma refeição estragada, viras-te com uma expressão irada, eu calo-me, condescendo, acerto a posição dos óculos e do boné, o cavalheiro simpático que no aponta a câmara percebe disto, coloca-se de forma a realçar o tamanho do peixe, os efeitos de óptica e perspectiva de que ouvimos falar mas não sabemos na prática como se conseguem com uma pequena máquina fotográfica.

Clic (digital).

Já está.

A conversa de pescador é insusbtituível.

É o exemplo exagerado da capacidade do ser humano para a ficção. É com muita naturalidade, dentro da literatura, um domínio autónomo.




1 Comments:

Blogger paulotpires said...

"exemplo exagerado da capacidade do ser humano para a ficção". soa-me a pleonasmo...
abraço

8:54 pm, July 09, 2009  

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