Comissão 5.0
Meus queridos, preciso da ajuda de todos. Pousem os vossos ponteiros de plumbagina, quem não gostar da forma como isto soa, pode sempre usar a palavra lápis. Ao trabalho!
Guida, Guidinha, recorta um morango em forma de coração – grande, muito grande –, é a nossa figura central. Pedro, precisamos de uma papoula azul para pousar sobre ele, contorcida, um azul um pouco mais escuro do que os olhinhos do João. Por falar em ti, João, precisamos de um fundo encarnado, um bom vermelho, um vermelho decente. Uma cartolina é insuficiente, quero um painel rectangular de dois metros por um metro e meio. Sara, Bárbara, Ana, Pedro, teremos mais quatro corações, um pouco menores e dispostos dois de cada lado, cada um deles ao cuidado de cada um de vós: para o mais à esquerda quero serapilheira recortada numa figura cordiforme, com uma fita amarelada (gema de ovo, açafrão, polpa de manga, periquito australiano, peixe de aquário, borboleta exótica, cogumelo venenoso, fungos felizes, coral bem-disposto), repercutindo os contornos até ao centro, dispersaremos nele quatro narcisos; o seguinte, logo à direita, acompanhas-me?, Lúcia, querida?, perdeste o elástico do cabelo?, vá, procuras depois, encontra e recorta agora um plástico preto, vais percorrê-lo sem nexo com um fio de borracha, de um tom encarnado afim à tela; adiante do coração nuclear (sosseguem as meninas, não inventaram ainda um à prova de desgostos... ainda, ainda bem), logo à direita sem volver, recortarás uma porção de vinil, mais um objecto cardíaco, ligado por um cordel azul-cobalto, e monta nele uns quantos chupa-chupas rubros, que sabor preferes?, cereja?; no último, Pedro, enformas toscamente um pedaço de tecido felpudo, busca algo de algodão, ou terás de sacrificar uma mais custosa peça de roupa em lã, amarelo (mas não tão exagerado quanto o amarelo da fita de há pouco, não faremos a mesma fita), atado em quatro, com uns farrapos escarlate, oh!, acabada arte!, e uma gaze azulada.
Quantos e quão diversos teríamos de conceber para exibir toda a variação de estados e emoções por que obrigamos os corações a responder?
Justino!, que parado estás!, príncipe da mândria, chega de folguedos, vem trabalhar! Precisamos agora de catorze desenhos, vamos invadir os espaços sobrantes; aqui o nosso amiguinho Justino tem carestia de expressar o seu tão lento talento, fazes oito desenhos; Guida, Pedro, João, Sara, Bárbara, Ana, um para cada um de vós. O motivo dos desenhos? Bonecos espantados e felizes, bonecos coloridos lançando pérolas e ovas de rã para os corações!, bonecos garridos, capturados em gestos de dádiva, pérolas, pérolas, ovas, ovas!, cada um deles recluso numa célula informe: quero para elas mais amarelo tóxico, verdes sobrenaturais, azuis cândidos, pérolas e ovas ora alvacentas ora ofuscantes. O bom ou mau resultado deste trabalho depende da generosidade que consigais transmitir a essas personagens ternurentas.
No final, não vos esqueçais: deixai sobre na minha secretária as alterações que pedi às vossas dissertações de mestrado.
Guida, Guidinha, recorta um morango em forma de coração – grande, muito grande –, é a nossa figura central. Pedro, precisamos de uma papoula azul para pousar sobre ele, contorcida, um azul um pouco mais escuro do que os olhinhos do João. Por falar em ti, João, precisamos de um fundo encarnado, um bom vermelho, um vermelho decente. Uma cartolina é insuficiente, quero um painel rectangular de dois metros por um metro e meio. Sara, Bárbara, Ana, Pedro, teremos mais quatro corações, um pouco menores e dispostos dois de cada lado, cada um deles ao cuidado de cada um de vós: para o mais à esquerda quero serapilheira recortada numa figura cordiforme, com uma fita amarelada (gema de ovo, açafrão, polpa de manga, periquito australiano, peixe de aquário, borboleta exótica, cogumelo venenoso, fungos felizes, coral bem-disposto), repercutindo os contornos até ao centro, dispersaremos nele quatro narcisos; o seguinte, logo à direita, acompanhas-me?, Lúcia, querida?, perdeste o elástico do cabelo?, vá, procuras depois, encontra e recorta agora um plástico preto, vais percorrê-lo sem nexo com um fio de borracha, de um tom encarnado afim à tela; adiante do coração nuclear (sosseguem as meninas, não inventaram ainda um à prova de desgostos... ainda, ainda bem), logo à direita sem volver, recortarás uma porção de vinil, mais um objecto cardíaco, ligado por um cordel azul-cobalto, e monta nele uns quantos chupa-chupas rubros, que sabor preferes?, cereja?; no último, Pedro, enformas toscamente um pedaço de tecido felpudo, busca algo de algodão, ou terás de sacrificar uma mais custosa peça de roupa em lã, amarelo (mas não tão exagerado quanto o amarelo da fita de há pouco, não faremos a mesma fita), atado em quatro, com uns farrapos escarlate, oh!, acabada arte!, e uma gaze azulada.
Quantos e quão diversos teríamos de conceber para exibir toda a variação de estados e emoções por que obrigamos os corações a responder?
Justino!, que parado estás!, príncipe da mândria, chega de folguedos, vem trabalhar! Precisamos agora de catorze desenhos, vamos invadir os espaços sobrantes; aqui o nosso amiguinho Justino tem carestia de expressar o seu tão lento talento, fazes oito desenhos; Guida, Pedro, João, Sara, Bárbara, Ana, um para cada um de vós. O motivo dos desenhos? Bonecos espantados e felizes, bonecos coloridos lançando pérolas e ovas de rã para os corações!, bonecos garridos, capturados em gestos de dádiva, pérolas, pérolas, ovas, ovas!, cada um deles recluso numa célula informe: quero para elas mais amarelo tóxico, verdes sobrenaturais, azuis cândidos, pérolas e ovas ora alvacentas ora ofuscantes. O bom ou mau resultado deste trabalho depende da generosidade que consigais transmitir a essas personagens ternurentas.
No final, não vos esqueçais: deixai sobre na minha secretária as alterações que pedi às vossas dissertações de mestrado.
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