Monday, October 23, 2006
Friday, October 20, 2006
Estro destro (vês?, gaguez, poesia, gato mia)

Fazer bebés, receber medalhas e comendas é muito bonito; fazer alguém chorar sem explicação também vai sendo frequente; agora... tirar as palavras (que brutalidade, a expressão que mais mortifica um aspirante, este), emudecer os pensamentos, tão violentamente e tão dissemelhantemente aos afectados delíquios e arrebatamentos que se encenam perante a arte obrada por génio humano, impressionar sem comoções, sem originar a ambição de se ser o autor, sem deixar agigantar-se quem testemunha o espectáculo acima dele; isso não é próprio para hominídeos arrogantes.
O melhor talento humano vai servindo para fazer crescer os prédios, os tacões dos sapatos das senhoras, dourar a talha dos altares, piramidar, acrescentar mais luxo aos carros, miniaturizar objectos, produzir farsas, ficção, mentiras e - a mais patéticas das palavras patéticas - inverdades.
Como tenho pudor em ofender a (digníssima) palavra mentira, utilizando o seu contrário quanto o seu sentido é necessário, aqui dou à luz a segunda mais patética das palavras patéticas: inmentira.
Os meus direitos de autor sobre a palavra inmentira são patéticos face aos direitos de autor do Uluru (Ayers Rock); como se diz popularmente: cada macaco no seu galho, cagalho.