Wednesday, September 27, 2006

Remains of the day



Versão portuguesa (thanks, Kazuo Ishiguro).

Chega de brincadeiras (apesar de que adaptar um livro ao cinema e contratar o Hugh Grant como actor não será nunca algo mais do que uma brincadeira, uma imensa e imprópria brincadeira), o título correcto para isto seria "remains of the previous post", fiquei com estas duas imagens nas mãos e queria forçá-las para dentro do blog.
Sou um especialista em violências infrequentes.




Nós somos a tecnologia (sim, nós: eu e vossemecê)



Persegui-me por manter tão primitivamente este blog. Resolvi emancipar-me. Quero um contador de visitas. Quero o melhor e mais fiável contador de visitas.
Conheceis a graçola do vírus albanês?
(You have just received an Albanian virus. Since we are not so technologically advanced in Albania, this is a MANUAL virus. Please delete all the files on your hard disk yourself and send this mail to everyone you know.)
O meu padrão tecnológico é semelhante, como tenho o meu engenho aguçado por esta necessidade (sou auto-suficiente, necessidade que eu próprio criei), veio-me a ideia de criar um contador manual...
Claro (aliterando, ando, ando, redundância de salão), contando com a vossa mão...
Proposta: por cada visita vossa a este endereço, peço-vos que vos interneis na caixa de comentários, e nela deixeis registada a respiração imediata que se vos surja.
Naturalmente (Paulo abre o sorriso de um bom anfitrião), convido-vos a maiores elaborações, mas o meu maior interesse é a contabilidade das visitas, para me sentir importante, e para que vos sintais importantes ao visitar um altar destes, único no mundo com esta tecnologia só nossa, vinde fazer parte deste projecto de futuro: resgatar os trabalhos entregues às máquinas, fazer um blog com os cuidados genuínos de um artesão (belíssima palavra, será composta?).
O nosso original contador manual entra em acção... agora!

Wednesday, September 20, 2006

Fátima

Atropelei-te, atlético trapalhão que sou.
No dia do teu aniversário, foram umas quantas feridas a minha sentida prenda.
Enrolado no espesso e remendado sobretudo cinzento que herdei do meu irmão, e que leguei ao meu avô (que, apesar dos seus sobranceiros noventa anos, parece crescer-lhe nos ombros de ano para ano), rebolei contigo nos paralelos angulosos e severamente frios dessa manhã de Janeiro.
Pequenina, franzina, cabelo louro, possivelmente natural - que sei eu -, dentes apresentáveis, mas um hálito muito, muito, muito desagradável.
Não terminámos a queda numa posição de beijo iminente, teria sido um embaraço que me faria relembrar-te mais vezes do que esta avulsa vez.

Quanto estiver completamente senil, já poderei e hei-de utilizar a expressão "uma vez não são vezes", e por decalque da fómula: "uma balada não são baladas", "um míssil terra-ar não são mísseis terra-ar", "uma pose-de-quem-não-quer-a-coisa não são poses-de-quem-não-quer-a-coisa"; tinha de confessar esta alergia.

Lembrei-me de ti, que sorte tens (não é jactância, posso contrapor que não deves lembrar-te de mim sem razão aparente e distante do dia do teu aniversário), despareceste para sempre (pelo menos até hoje, que exagerado sou), eu desapareci, deixámos de existir. Moravas na cidade seguinte, quase imediata, aqui tão perto, e não dou por ti, pelo menos (desculpa-me..., sou um amigo perverso) não me tem cheirado.

Só não me lembro do teu nome, espero que gostes de Fátima.
Eu gosto.

Saturday, September 16, 2006

Aspirações(*)

Fui ameaçado.
Esterilizou-se este lugar (o verbo é duro, eu sei).
Vigiam-me, compreenda-se a discrição.
Retirei alguns textos.(*)
Ofendi uma leitora. Uma leitora com poderes. Muitos.
Sou um fraco.
Ou a vileza da auto-censura, ou acabaria o meu acesso ao seu oásis púbico.
Ditosa decisão, que quase silencia o remorso.
Quase.
Quase.
A fatigante repetição.
Quase.
Quase.
Quase.
Quem inventou esta palavra merecia fertilizar ininterruptamente todas as ninfas de todos os tempos, incluindo as feias e as mulheres vulgares que aproveitaram a desatenção descontraída das divindades a banhos por ribeiros mais ermos, furtando-lhes as roupas e a elas - ninfas - se substituindo.
Quase.
Do alto do meu optimismo, tenho de manifestar: há ninfas aqui por entre nós, os vulgares.
Quero inventar a próxima palavra quase.