Wednesday, April 30, 2008

Sensibilidade natural das raízes*

Tens de ser um rabinho de bebé do pescoço para cima.

Disse eu hoje a uma mulher.

Diria o mesmo a todas as mulheres. Pausa. A todas as que vêem os anos trinta aspirados para o passado.

Nunca uma única mulher foi tão bonita ou tão perfeita quanto o que ansiou ao espelho. Mercadejaram a alma, não foi e não é bonito de se ver.

A beleza, sim. Essa vale que ardam todas as mulheres no inferno. Pausa. E todos os homens. Pausa. Os homens primeiro.

Ver os homens a arder no inferno, já que falo no assunto, também é bonito de se ver. Não licito tão alto quanto o faço para ver acrescentar-se beleza às mulheres, mas é a minha segunda promessa de incineração de moedas.

* intenção de significado obscura, confesso: das raízes = radical.

Monday, April 21, 2008

Teste de QI

Chegar a casa com dois DVD's, ler-lhes com atenção um generosamente grande autocolante que exibem.
Repito: chegar a casa com dois DVD's.
Dizem os autocolantes: leve três pague dois.


Deteste o QI.

Felicidade sobre rodas

Auto-estima = tuning?

Autotó.
Momomóvel.

Só para entendidos

ISBN 0-586-20755-4

Monday, April 14, 2008

Papas na língua

Custa-nos tanto dizer que isto ou aquilo é mentira, custa horrores, certo ou errado?
E fazemos peito dizendo que somos frontais e outras tais patetices presumidas.

(Franqueza e fraqueza são palavras semelhantes por coincidência?)

Por isso dizemos, ainda assim, levando os braços a proteger o rosto:

Inverdades.

Para não melindrar? Mantém-se ali o som da palavra verdade, mal se lhe nota o prefixo consoante a dicção, mesmo em silenciosa leitura, não se sente o in. Não se ofende. Acusar uma mentira é um descaramento que não cabe na nossa presumida frontalidade.

Por isso inventámos esta apaneleirada paneleirice.

Pensei e quase escrevi que tenho vergonha desta língua. Isso seria injusto e deslocado. Tenho vergonha das bocas que a apaneleiram desta forma. Pudesse eu pontapear raivosamente os lábios que permitem articular essa obscenidade.

Com a mesma propriedade, mas com intenção inversa, quero apresentar-vos este suculento substantivo:

A desmentira.

Thursday, April 10, 2008

A sinistra semântica da sinistra política

Mudar o mundo.

O mundo hoje mudou?

Ingenuidade: as pessoas mudam?

Mudar é uma bondade. Mudar sabe a chocolate.

Grata inconstância (mudanças, volubilidades), um dia muda o mundo (o mundo muda todos os dias?) e desgosto e ofendo-me, noutro muda e regogogogozijo-me, se não muda comporto-me da mesma forma.

São ciclos regulares. A mudança não o é para originalidades, vão-se alternando as ocorrências, com padrões e um rigor que escapam aos desantentos, ou aos crentes para quem a criação ocorre várias vezes por momento.

Não sei o que pensar. Sei aceitar. Convenço-me a aceitar.

Onde é que chega isto à política?
Em abstracto.
Em concreto também, apanhei um animal político qualquer metendo as palavras mudar o mundo no meio de umas quantas outras. Fixei-as. Não sei se as percebo. Tento entender se as percebo.

Tuesday, April 08, 2008

Papas na língua

Clarificar um dúvida resolve-a?










Etiqueta: ainda por cima a expressão discrimina a raça negra.

Sangue assim frio

só conhecia nos répteis.
Ou: o tamanho da minha admiração impressiona, embora muito menos que o tamanho da minha cobardia.
Etiqueta: num livro da Disney, quando cá estavam à venda redigidos em português do Brasil, uma personagem vira-se para a outra (possivelmente o Zé Carioca para alguém) e diz que tem mais coragem no dedo do que o outro no corpo todo; o outro responde perguntando de que vale ter um dedo corajoso, quando o resto todo do corpo é covarde.

Vasily, is that you?

Ainda não estou convencido, mas sempre se olha melhor para isto, do que para os padrões de tecido mais comuns e reconhecidos.
Ainda não estou convencido, isto apareceu aí pela teia ("pela teia" soa tão bem, parece uma inauguração de ditongos improváveis; ao articular o som fora da cabeça, estraga-se tudo, na minha má dicção soou imediatamente a "plateia", raios), não posso garantir que seja obra do Vasily. Pode ser uma associação pela presença de algumas cores, assim como qualquer pintura fosca e esverdeada ameaçar ser obra do Monet.
Preconceitos.