Thursday, May 31, 2007

Vai cair de maduro, hoje mesmo


"Maio maduro Maio

Quem te pintou

Quem te quebrou o encanto

Nunca te amou"
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Quem te quebrou o encanto nunca de amou?

A atitude mais desairosa para quem escreve, sejam cónicas crónicas (onde é mais frequente a despropositada bengala), prosa séria e clássica, redacções da quarta classe, mensagens escritas entre telemóveis, enfim, o diabo a quatro, a oito, a dezasseis, mil elevado ao cubo, zero vezes zero, menos infinito menos mais infinito... escrevia - o mais desairoso é citar um significado do dicionário e daí discorrer.

Um blogue é a desculpa para qualquer excepção... aqui vai, perdi a vergonha e sofistiquei o meu argumento:

"viva afeição que nos impele para o objecto dos nossos desejos", definindo amor.

Porquê isto?
Pelo tamanho da estranheza ao ler o Zeca Afonso, repito a minha interrogação: quem te quebrou o encanto nunca de amou? Não percebo! Qual é o encanto especial do Maio? E por que razão não ama ou amou quem se atreve a quebrar o encanto?

Na impulsão para o objecto dos nossos desejos tudo pode acontecer, incluindo a quebra do encanto.

E que madureza tem o Maio? É alguma alusão... agrícola?

Não sei, não sei. Ainda não devo estar no ponto, hoje não caio eu de maduro.


Thursday, May 17, 2007

Testamento sobre o meu corpo


Quando morrer, não quero ir para o céu.

Quero ir para as ilhas Lofoten, com ou sem alma penada.

Quero adubar as florinhas que resistem a valentes invernos, e esticam pétalas e pescocinhos com o ténue sol do verão setentrional.

Elas merecem.

Se andar o diabo atrás de mim, por lhe haver fugido às garras encardidas, colham uma flor e coloquem-lha nos cabelos.


Friday, May 11, 2007

Ani, ani, ani, verso, verso, berço, berço

Este lugar inventado fez um ano há uns dias. Não sei mesmo se escreva: um ano de vida.
Passei a manhã toda a imaginar um trocadilho inteligente com aniversário e berçário.
Não consegui. Frustrei-me, desiludi-me. Como não tenho preconceitos quanto aos sentimentos, é-me indiferente que sejam vistos como negativos. Creio até que fiquei contente por me frustrar e desiludir, porque me fez desistir. Saber desistir não é para todos, é sapiência que só cabe em cargueiros, daqueles que dramaticamente rasgam o mar. Isto é tão interessante que até explica o porquê da minha sapiência andar à deriva.
Adiante. Aceito e pago com bom vinho o melhor trocadilho que me fizerdes com aniversário e berçário.

Língua exótica, vede, lede, ouvide:

É-me,
É-me,
É-me,
É-me,
É-me,
É-me,
É-me,
É-me,
É-me,
É-me.