Tuesday, September 30, 2008

A poesia fodeu tudo

Um amigo quer empalar-me com um atiçador de lareira, por tanto ter afirmado.
Outros cinco amigos já cortaram ou irão cortar (cortarão é mais nobre do que irão cortar? Irão está nas bocas, por esta era, justifica-o?) relações – não sexuais mas sim sexuadas – comigo.


Cortarão relações comigo, por tanto, portanto, por tanto, portanto.
Tenho doze amigos e uma quantidade incerta de conhecidos que me desprezarão civilizadamente, maldir-me-ão pelas costas


Ah, não disse que os poetas foderam tudo, apenas foram o instrumento da cópula.

Dois amigos não me empalaram por ter afirmado que os poetas são o instrumento da cópula, e não o contrário.

Porquê isto?

Porque os civis (vão assim identificados) se permitem liberdades quando contagiados pela hipotética magia da poesia, e pervertem prosa e poesia numa emulsão, indignificando ambas.

Há resultados folclóricos, anedóticos, sórdidos, sendo a maior frequência de uma ingenuidade alegre, no sentido mais beato de gay.

Acrescento um exemplo, aumentarei a colecção sempre que possível.

Atrevo-me a notar os excessos de mau-gosto:

Videiras das castas Alfrocheiro e Jaen espraiam-se pela parcela, até quase beijarem o espelho translúcido e quieto do rio Dão.

A poesia fodeu tudo.

Reticêncas.

Monday, September 29, 2008

É mentira, ou era

Amo-te, Vera.

Saturday, September 20, 2008

Matei um homem à dedada (Ratatui, Pixar, 2007)

Há casos que justificam totalmente os exageros da estética:


Sempre julguei que o verbo desunhar(-se) fosse uma metáfora.



Ano novo, Vila Nova.

Com a frequência com que se estaciona no exterior das rotundas nesta cidade

(já identifiquei algumas intenções: funcionam como ponto de encontro; como local de estacionamento para um "vou-ali-e-já-venho-são-só-dois-minutos-mas-depois-até-se-aproveitam-outros-dois-numa-conversa-aqui-e-mais-dois-noutra-conversa-acolá-e-já-agora-tomo-um-cafe-e-leio-por-alto-o-jornal-e-que-bom-que-esta-loja-afinal-está-aberta-vou-só-perguntar-quanto-custa-o-anel-vibrador"; para falar ao telefone móvel; e porque acredito eu que deva ser excitante estar estacionado numa rotunda, mais pessoas devem cultivar a adubar esse prazer.),

antes que os arrumadores fiquem com todo o lucro, seria bom que a própria câmara nelas plantasse uns parquímetros. Há sempre negócio que se gera com este comportamento que deixou de ser raro mais adiante do alcance da minha memória: um quiosque para pequenos arranjos, venda de peças e pequenas limpezas nos carros; uma confeitaria; um ponto de acesso à internet; um balcão de tratamento de unhas; uma mesa de massagens; uma sucursal do Ministério das Finanças; uma loja de apostas do Euromilhões; uma loja de artigos de campismo; uma farmácia.
Esta ideia das unhas é essencial. Em poucos anos passaram de acessório que nos assemelhava aos animais, a recipiente de todos os fetichismos.




Thursday, September 18, 2008

Comemoro ou comemorro?


Hoje, por alguma razão especial que não consigo exprimir, gostaria de um abraço dedicado, assim tanto quanto este:


Monday, September 15, 2008

My heart is a permafrost

Será o meu epílogo.
É uma pergunta?
Não sei.
Ainda.
Não.
Sei.


Degelo, à procura do meu aquecimento global


Consegues amar-me até aos mil trezentos e setenta graus, aproximadamente?

Wednesday, September 03, 2008

Cítara - afinada para os prazeres


"É admirável... aquilo que fazes, aquilo que ela faz... mas para mim, as pessoas que defendem os animais são um pouco como certo tipo de cristãos. Andam todos tão alegres e cheios de boas intenções que, passado algum tempo, até apetece andar por aí a violar e a roubar. Ou aos pontapés aos gatos."

John Maxwell C.

Ou, antes assim: J. M. Coetzee.
Se eu pudesse recomendar, ninguém estaria a ler outra coisa, nem o MEC bulas de medicamentos (ou o JP George, que saudades), nem o Rui Zink a ler etiquetas de roupa, todos estaríamos lendo Coetzee.


Todos.

Deus, pousa esse Lonely Planet...