A poesia fodeu tudo
Outros cinco amigos já cortaram ou irão cortar (cortarão é mais nobre do que irão cortar? Irão está nas bocas, por esta era, justifica-o?) relações – não sexuais mas sim sexuadas – comigo.
Cortarão relações comigo, por tanto, portanto, por tanto, portanto.
Tenho doze amigos e uma quantidade incerta de conhecidos que me desprezarão civilizadamente, maldir-me-ão pelas costas
Ah, não disse que os poetas foderam tudo, apenas foram o instrumento da cópula.
Dois amigos não me empalaram por ter afirmado que os poetas são o instrumento da cópula, e não o contrário.
Porquê isto?
Porque os civis (vão assim identificados) se permitem liberdades quando contagiados pela hipotética magia da poesia, e pervertem prosa e poesia numa emulsão, indignificando ambas.
Há resultados folclóricos, anedóticos, sórdidos, sendo a maior frequência de uma ingenuidade alegre, no sentido mais beato de gay.
Acrescento um exemplo, aumentarei a colecção sempre que possível.
Atrevo-me a notar os excessos de mau-gosto:
Videiras das castas Alfrocheiro e Jaen espraiam-se pela parcela, até quase beijarem o espelho translúcido e quieto do rio Dão.
A poesia fodeu tudo.
Reticêncas.